sábado, 5 de outubro de 2013

Em tempo...

É difícil a gente se dar conta de quanto tem dos nossos sentimentos – bons e ruins – naquilo que dizemos ou fazemos pros outros. Obviamente há uma troca, um afecto, mas a consciência do que isso gera no outro, não sei se nos damos conta no ato das nossas ações. Às vezes o insight é rápido, às vezes demora. As vezes é leve e as vezes pesado.
Sempre tive sonhos onde era preciso o desdobramento do corpo, para que eu resolvesse no inconsciente algumas situações. Já escrevi cartas nunca enviadas ao destinatário, tive arrependimentos nunca ditos, alegrias não divididas, mas com o tempo, dizer o que sinto tem sido fundamental pra minha saúde mental. Dividir, compartilhar, dizer, dar os abraços que desejo, os beijos, os passos... tudo isso, tem sido feito, no meu tempo, no tempo que meu corpo e minha mente suportam.
Assim, essa ‘carta’, chegou ao destinatário, em tempo hábil de me desculpar pelos últimos dias, pelo email pessoal do chato querido, mas a coloco aqui, utilizando esse espaço pra também dividir e compartilhar, mesmo que comigo mesma, num sábado, as 03:48 am.
  
(...)Espero que esteja tudo bem aí na sua caminhada e que ela esteja suave, mais suave do que da ultima vez que conversamos.
Tenho pensando bastante em muita coisa, mas isso que vou te escrever pensei assim que desliguei o Skype aquele dia que conversamos sobre eu ‘acreditar’ ou ‘não acreditar’ em você, mas demorei pra elaborar ou para querer escrever sobre, e como senti saudade sua agora antes de dormir, resolvi te escrever.
Tem uma coisa que faço sempre, mas que tenho exercitado ou tentado ao menos não fazer, que é falar tudo que penso. Já descobri que isso não é necessário, a menos que a outra pessoa pergunte minha opinião. Claro que não quero reprimir em mim algo, mas é ter consciência que as vezes, magoar alguém não é a melhor saída pra se dizer o que pensa, e aquele ultimo dia que conversamos, eu te magoei e juro, não tive a intenção e peço desculpas por isso.
Nem foi preciso eu desligar o Skype aquele dia pra chegar à conclusão de que o melhor que eu tinha a fazer, era só ‘te ler’ e te acolher, sem julgar ou sair dizendo várias coisas. Acontece que eu sei porque sempre faço isso, e só faço isso com quem eu tenho um grande afeto e que ainda me afeta. E é assim que te vejo.
Equivocadamente ou não, você ainda mexe comigo de um jeito que não sei explicar. Não é amor, ou desejo, ou necessidade, ou talvez seja tudo isso misturado, mas é na verdade por isso, a resposta de às vezes eu sair ‘te patrolando’, passando por cima, dizendo inúmeras coisas. Fiquei magoada algumas vezes contigo e comigo também e talvez ainda não tenha superado isso que aconteceu nesses últimos anos conosco. Fantasiei muita coisa com você que não por culpa sua ou só sua, mas por minha também, coisas que não chegaram a acontecer no campo da realidade e confesso que me deparar com elas sem ter acontecido, não é nada agradável pra mim.
Ter estado com você, daquela forma, foi tão maravilhoso e tão bom, que talvez de lá pra cá, falar com você seja sempre esbarrar em algo vivo, algo que eu não quero aceitar, ou que gostaria que tivesse tido outro tipo de fim ou de continuidade.
Ou seja, sei que às vezes falo algumas coisas pra você quando conversamos, que na verdade são reflexo do meu inconformismo, do meu desejo de que tudo fosse diferente e aí, não quer dizer que necessariamente você seja ou esteja como tudo aquilo que disse naquele dia ou em outros dias, mas quer dizer que pra mim, na minha representação, uma representação contaminada, tu já foi um pouco daquilo que digo, pelo menos aos meus olhos.
Mas é obvio o mundo do jeito que eu vejo e sinto é sempre, um mundo ‘só meu’, porque ninguém o vê e sente como eu e sei, que outras pessoas veem e sentem coisas diferentes por ti, e valorizam essa pessoa massa que você é, mais ou melhor do que eu.
Então, não concorde sempre comigo, não ache que eu esteja sempre certa, nem me deixe ‘acabar com sua auto estima’, porque o que faço ou falo pra ti, é sempre contaminado pela mulher que gosta/gostou/gostará – não sei ao certo definir – de você, e essa mulher, ah, com certeza, faz juízos de valor equivocados quando tem sentimentos intensos.
Beijo e espero que esteja bem.
Se cuide sempre.

Tenho saudades suas.