segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Educação e suas bizarrices...

Em meio ao meu caos organizado, tentava achar um livro do Paulo Freire ontem para emprestar a um amigo. O Pedagogia da Solidariedade é um livro tão simples e bom de ler, e como bem apresenta o Walter de Oliveira, necessário para reflexões sobre o mundo pós-moderno, falando da qualidade da educação e dos educadores entres outros temas necessários e atuais como consequências da globalização e etc...
Hoje fui acompanhar um adolescente na escola, um adolescente que prefere ir tomar banho de Rio a ir à escola. Ficamos entre a cruz e a espada, uma vez que garantir o direito é por vezes (des)respeitar e/ou não compreender o desejo do outro, sua singularidade - um baita nó!!
Pensei e pensei, questionei-me sobre como eu me sentia num espaço escolar como aquele e o que eu fazia para sobreviver nele, e enquanto aguardava-o entrar para a sala de aula, pude (não sozinha) acompanhar o processo inicial dos trabalhos escolares: bate um sinal de fábrica, as crianças e adolescentes se organizam rapidamente em filas e a frente das filas ficam os professores responsáveis pelas primeiras aulas; organizados nas filas, todos ficam em silencio enquanto uma das Diretoras da escola sobe em um banco fixo para solicitar silencio e pedir para que  o 'criador' (imaginem o que quiser, mas acredito que ela estava se referindo ao criador como figura bíblica - Deus) olhe por eles e pelas aulas e lembra, ‘sem silencio e respeito o criador vira as costas’ – não bem com essas palavras, exceto a parte do vira as costas. Em seguida todos rezam uma oração católica, o famoso Pai Nosso, e ainda em ordem seguem para suas salas de aula. O adolescente contrariado, nem olha pra nós e segue, a outra criança, manda coraçãozinho e beijo e parece feliz com nossa presença na escola, que assim parece ficar mais acolhedora, ao menos um dia.
Ao sair da cena, encontramos uma guarita, e nela um guarda e um policial militar, sim na escola, a figura do policial parecia essencial, logo no cartão de entrada da escola e de saída também! Para tudo, um policial? Sim, porque educação e segurança precisam andar juntas e de mãos dadas e com uma arma na cintura e segurança aqui só existe na figura do policial.
Fiquei tão angustiada com a cena, e essa é a mesma angustia que me causa o nó que tenho na garganta nesse momento que escrevo e compartilho com não sei quem esse texto. A forma como a escola dispõe aquilo que chama de educação, é uma forma equivocada, mecânica e ultrapassada que não educa, nem acolhe ninguém. As grades, o guarda, o policial, a figura de alguém ‘trepada’(e não é a que causa gozo) acima dos demais em um banco é a representação de como a educação e o processo de conhecer ainda é visto como algo vertical, estanque, ditatorial e normatizador, onde um ensina e os demais aprende.
Uma educação libertadora, para seres inconclusos, está longe, longíssima de acontecer num espaço como esse, que repele ao invés de acolher, categoriza e iguala as pessoas com seus uniformes e impõe como ritual de inicio uma crença unilateral.
Nem sei se me sinto preparada para dialogar aqui sobre o Freire e sua obra, ditos e escritos, mas certamente, não é dessa forma nem nessa escola – escola aqui representando todas as outras que da mesma forma se organizam – que a educação não será meramente constituída no aprendizado. Ser educador/educar é estar numa posição horizontal diante de todos, onde ninguém desenvolve um papel mais ou menos qualificado que o outro, é ser facilitador e não dificultador do processo de transformação do outro, de si mesmo e do mundo.  A Educação é pré-requisito para que possamos ler o mundo de forma crítica, com vistas a transformá-lo tornando-o melhor (Giroux ‘prefaciando’)!

E eu? Bem, eu sigo (re)pensando minhas intervenções com vistas a uma psicologia também solidária, em meio a nós e nós!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Cazuze-me...

A cada dia que passa ao longo dos anos, eu ouço histórias, contos, piadas, conversas de bar e penso: nossa, escreveria um texto sobre isso e cairia bem no meu blog, sei lá, falaria sobre isso, já que to pensando e bla bla bla... Mas não adianta, outras coisas me movem, e é a intensidade que me faz escrever. Talvez por isso, tantas boas histórias não viraram texto, por não terem feito/causado intensidade em mim. Ok, sem problemas. Seguimos então. Estava aqui, à toa, precisando dormir, com vontade de fazer poesia, mas nem sei fazer poesia mesmo, só sentir poesia e pensei: tudo bem, sem poesia. Vou ouvir uma música do Cazuza que to na cabeça há dias e é linda, gostosa, saudosa, querida  e vou tomar banho e dormir. Pois bem, antes me deparei com um vídeo sem saber o que era. Era uma amiga no facebook dedicando-o a alguém, e aí fui trollada pelo universo: Have you ever seen the rain.... Oi? De novo? Ta de brincadeira comigo? Como pode isso e por quê? John Fogerty, não me leve a mal, I love you, me encantas e canta lindamente pra mim, mas quero que meu ser poetize-se e cazuze-me sobre o que é subjetivo, sobre o que é intenso e indescritível, sentido e vivido. Eu misturo mesmo, fecho e abro, deixo sair e entrar, bato no liquidificador sem dor ou quase sem, misturo e deixo fluir e fluir. O barulho do motor com o seu bater me incomoda, mas sua mistura me encanta... Ahhh flua misturinha, faça-se colorir e pinte-me sem pedir licença!!