terça-feira, 7 de outubro de 2014

Transbordando...




Eu transbordo,
tu, não sei...
Acho que Pinta e borda,
e transcende aqui – ali
Eu, transbordo!
Às vezes (meio) cheio,
 as vezes meio vazio.
No vazio faço diluvio,
no cheio um silencio sem fim.
Uma ansiedade paralisante,
quase não cabe em mim
Transbordar é necessário
Não me interessa o fim.
Ando, penso, bebo
Penso mesmo: e aí?
Transbordo, não nego, é assim
Que não cabe mais em mim!!



 Eu, transbordando sem fim, mais vez aqui em mim!!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Educação e suas bizarrices...

Em meio ao meu caos organizado, tentava achar um livro do Paulo Freire ontem para emprestar a um amigo. O Pedagogia da Solidariedade é um livro tão simples e bom de ler, e como bem apresenta o Walter de Oliveira, necessário para reflexões sobre o mundo pós-moderno, falando da qualidade da educação e dos educadores entres outros temas necessários e atuais como consequências da globalização e etc...
Hoje fui acompanhar um adolescente na escola, um adolescente que prefere ir tomar banho de Rio a ir à escola. Ficamos entre a cruz e a espada, uma vez que garantir o direito é por vezes (des)respeitar e/ou não compreender o desejo do outro, sua singularidade - um baita nó!!
Pensei e pensei, questionei-me sobre como eu me sentia num espaço escolar como aquele e o que eu fazia para sobreviver nele, e enquanto aguardava-o entrar para a sala de aula, pude (não sozinha) acompanhar o processo inicial dos trabalhos escolares: bate um sinal de fábrica, as crianças e adolescentes se organizam rapidamente em filas e a frente das filas ficam os professores responsáveis pelas primeiras aulas; organizados nas filas, todos ficam em silencio enquanto uma das Diretoras da escola sobe em um banco fixo para solicitar silencio e pedir para que  o 'criador' (imaginem o que quiser, mas acredito que ela estava se referindo ao criador como figura bíblica - Deus) olhe por eles e pelas aulas e lembra, ‘sem silencio e respeito o criador vira as costas’ – não bem com essas palavras, exceto a parte do vira as costas. Em seguida todos rezam uma oração católica, o famoso Pai Nosso, e ainda em ordem seguem para suas salas de aula. O adolescente contrariado, nem olha pra nós e segue, a outra criança, manda coraçãozinho e beijo e parece feliz com nossa presença na escola, que assim parece ficar mais acolhedora, ao menos um dia.
Ao sair da cena, encontramos uma guarita, e nela um guarda e um policial militar, sim na escola, a figura do policial parecia essencial, logo no cartão de entrada da escola e de saída também! Para tudo, um policial? Sim, porque educação e segurança precisam andar juntas e de mãos dadas e com uma arma na cintura e segurança aqui só existe na figura do policial.
Fiquei tão angustiada com a cena, e essa é a mesma angustia que me causa o nó que tenho na garganta nesse momento que escrevo e compartilho com não sei quem esse texto. A forma como a escola dispõe aquilo que chama de educação, é uma forma equivocada, mecânica e ultrapassada que não educa, nem acolhe ninguém. As grades, o guarda, o policial, a figura de alguém ‘trepada’(e não é a que causa gozo) acima dos demais em um banco é a representação de como a educação e o processo de conhecer ainda é visto como algo vertical, estanque, ditatorial e normatizador, onde um ensina e os demais aprende.
Uma educação libertadora, para seres inconclusos, está longe, longíssima de acontecer num espaço como esse, que repele ao invés de acolher, categoriza e iguala as pessoas com seus uniformes e impõe como ritual de inicio uma crença unilateral.
Nem sei se me sinto preparada para dialogar aqui sobre o Freire e sua obra, ditos e escritos, mas certamente, não é dessa forma nem nessa escola – escola aqui representando todas as outras que da mesma forma se organizam – que a educação não será meramente constituída no aprendizado. Ser educador/educar é estar numa posição horizontal diante de todos, onde ninguém desenvolve um papel mais ou menos qualificado que o outro, é ser facilitador e não dificultador do processo de transformação do outro, de si mesmo e do mundo.  A Educação é pré-requisito para que possamos ler o mundo de forma crítica, com vistas a transformá-lo tornando-o melhor (Giroux ‘prefaciando’)!

E eu? Bem, eu sigo (re)pensando minhas intervenções com vistas a uma psicologia também solidária, em meio a nós e nós!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Cazuze-me...

A cada dia que passa ao longo dos anos, eu ouço histórias, contos, piadas, conversas de bar e penso: nossa, escreveria um texto sobre isso e cairia bem no meu blog, sei lá, falaria sobre isso, já que to pensando e bla bla bla... Mas não adianta, outras coisas me movem, e é a intensidade que me faz escrever. Talvez por isso, tantas boas histórias não viraram texto, por não terem feito/causado intensidade em mim. Ok, sem problemas. Seguimos então. Estava aqui, à toa, precisando dormir, com vontade de fazer poesia, mas nem sei fazer poesia mesmo, só sentir poesia e pensei: tudo bem, sem poesia. Vou ouvir uma música do Cazuza que to na cabeça há dias e é linda, gostosa, saudosa, querida  e vou tomar banho e dormir. Pois bem, antes me deparei com um vídeo sem saber o que era. Era uma amiga no facebook dedicando-o a alguém, e aí fui trollada pelo universo: Have you ever seen the rain.... Oi? De novo? Ta de brincadeira comigo? Como pode isso e por quê? John Fogerty, não me leve a mal, I love you, me encantas e canta lindamente pra mim, mas quero que meu ser poetize-se e cazuze-me sobre o que é subjetivo, sobre o que é intenso e indescritível, sentido e vivido. Eu misturo mesmo, fecho e abro, deixo sair e entrar, bato no liquidificador sem dor ou quase sem, misturo e deixo fluir e fluir. O barulho do motor com o seu bater me incomoda, mas sua mistura me encanta... Ahhh flua misturinha, faça-se colorir e pinte-me sem pedir licença!!

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Quantas voltas...

É estranha essa vida né? As voltas que ela dá e os movimentos que ela faz, vão além do que a minha mente humana (assim espero) possa compreender. Um dia você acha que fez a escolha certa, no outro se enche de dúvidas e voltar atrás... já era! Tudo bem, eu não queria voltar atrás mesmo, é verdade, não sei se faria tudo exatamente igual – sim eu mudaria algumas coisas, alguns jeitos de fazer as coisas – mas talvez tentar levar a vida de forma mais leve, mais livre, onde o pensamento não me aprisionasse seria mais inteligente.
Porque sim, em boa parte, é o pensamento que me aprisiona, os questionamentos, as dúvidas, e até as tristezas, às vezes quase ganham mais força do que aquela vontade de ir, mesmo sabendo que no fim vou ser só sorrisos e coração feliz.
Entre lágrimas e perguntas, e cervejas e escritas e claro, mais pensamentos, tenho nos últimos dias procurado respostas, ou pessoas que possam colaborar e que me digam: “não tenha medo, a vida é assim mesmo, já me senti assim e acredite tudo vai acontecer, mudar e pulsar de novo”. Mas tenho ouvido cada vez mais coisas do tipo: você é capaz, fique tranquila, te acalma. Mas é difícil acreditar naquilo que as vezes você deixou em algum lugar que não sabe onde procurar. Onde guardamos essas forças que as vezes esquecemos, ou deixamos de sentir?
Não sei, não sei. E se sei, nesse momento elas estão escondidas, esperando que eu as encontre, como se estivessem brincando de esconde-esconde, me deixando tonta de tanto olhar pros lados e não encontrar.
O Ano bem podia ter começado diferente, mais suave ao menos... mas não, não começou e agora, haja tempo e espaço pra lidar com isso tudo. Vai uma cerveja aí?
Feliz 2014.



Trilha sonora: Natiruts DVD Acústico No Rio de Janeiro

OBS: As vezes esqueço até como é bom escrever aqui, imagina o resto!