terça-feira, 7 de outubro de 2014

Transbordando...




Eu transbordo,
tu, não sei...
Acho que Pinta e borda,
e transcende aqui – ali
Eu, transbordo!
Às vezes (meio) cheio,
 as vezes meio vazio.
No vazio faço diluvio,
no cheio um silencio sem fim.
Uma ansiedade paralisante,
quase não cabe em mim
Transbordar é necessário
Não me interessa o fim.
Ando, penso, bebo
Penso mesmo: e aí?
Transbordo, não nego, é assim
Que não cabe mais em mim!!



 Eu, transbordando sem fim, mais vez aqui em mim!!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Educação e suas bizarrices...

Em meio ao meu caos organizado, tentava achar um livro do Paulo Freire ontem para emprestar a um amigo. O Pedagogia da Solidariedade é um livro tão simples e bom de ler, e como bem apresenta o Walter de Oliveira, necessário para reflexões sobre o mundo pós-moderno, falando da qualidade da educação e dos educadores entres outros temas necessários e atuais como consequências da globalização e etc...
Hoje fui acompanhar um adolescente na escola, um adolescente que prefere ir tomar banho de Rio a ir à escola. Ficamos entre a cruz e a espada, uma vez que garantir o direito é por vezes (des)respeitar e/ou não compreender o desejo do outro, sua singularidade - um baita nó!!
Pensei e pensei, questionei-me sobre como eu me sentia num espaço escolar como aquele e o que eu fazia para sobreviver nele, e enquanto aguardava-o entrar para a sala de aula, pude (não sozinha) acompanhar o processo inicial dos trabalhos escolares: bate um sinal de fábrica, as crianças e adolescentes se organizam rapidamente em filas e a frente das filas ficam os professores responsáveis pelas primeiras aulas; organizados nas filas, todos ficam em silencio enquanto uma das Diretoras da escola sobe em um banco fixo para solicitar silencio e pedir para que  o 'criador' (imaginem o que quiser, mas acredito que ela estava se referindo ao criador como figura bíblica - Deus) olhe por eles e pelas aulas e lembra, ‘sem silencio e respeito o criador vira as costas’ – não bem com essas palavras, exceto a parte do vira as costas. Em seguida todos rezam uma oração católica, o famoso Pai Nosso, e ainda em ordem seguem para suas salas de aula. O adolescente contrariado, nem olha pra nós e segue, a outra criança, manda coraçãozinho e beijo e parece feliz com nossa presença na escola, que assim parece ficar mais acolhedora, ao menos um dia.
Ao sair da cena, encontramos uma guarita, e nela um guarda e um policial militar, sim na escola, a figura do policial parecia essencial, logo no cartão de entrada da escola e de saída também! Para tudo, um policial? Sim, porque educação e segurança precisam andar juntas e de mãos dadas e com uma arma na cintura e segurança aqui só existe na figura do policial.
Fiquei tão angustiada com a cena, e essa é a mesma angustia que me causa o nó que tenho na garganta nesse momento que escrevo e compartilho com não sei quem esse texto. A forma como a escola dispõe aquilo que chama de educação, é uma forma equivocada, mecânica e ultrapassada que não educa, nem acolhe ninguém. As grades, o guarda, o policial, a figura de alguém ‘trepada’(e não é a que causa gozo) acima dos demais em um banco é a representação de como a educação e o processo de conhecer ainda é visto como algo vertical, estanque, ditatorial e normatizador, onde um ensina e os demais aprende.
Uma educação libertadora, para seres inconclusos, está longe, longíssima de acontecer num espaço como esse, que repele ao invés de acolher, categoriza e iguala as pessoas com seus uniformes e impõe como ritual de inicio uma crença unilateral.
Nem sei se me sinto preparada para dialogar aqui sobre o Freire e sua obra, ditos e escritos, mas certamente, não é dessa forma nem nessa escola – escola aqui representando todas as outras que da mesma forma se organizam – que a educação não será meramente constituída no aprendizado. Ser educador/educar é estar numa posição horizontal diante de todos, onde ninguém desenvolve um papel mais ou menos qualificado que o outro, é ser facilitador e não dificultador do processo de transformação do outro, de si mesmo e do mundo.  A Educação é pré-requisito para que possamos ler o mundo de forma crítica, com vistas a transformá-lo tornando-o melhor (Giroux ‘prefaciando’)!

E eu? Bem, eu sigo (re)pensando minhas intervenções com vistas a uma psicologia também solidária, em meio a nós e nós!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Cazuze-me...

A cada dia que passa ao longo dos anos, eu ouço histórias, contos, piadas, conversas de bar e penso: nossa, escreveria um texto sobre isso e cairia bem no meu blog, sei lá, falaria sobre isso, já que to pensando e bla bla bla... Mas não adianta, outras coisas me movem, e é a intensidade que me faz escrever. Talvez por isso, tantas boas histórias não viraram texto, por não terem feito/causado intensidade em mim. Ok, sem problemas. Seguimos então. Estava aqui, à toa, precisando dormir, com vontade de fazer poesia, mas nem sei fazer poesia mesmo, só sentir poesia e pensei: tudo bem, sem poesia. Vou ouvir uma música do Cazuza que to na cabeça há dias e é linda, gostosa, saudosa, querida  e vou tomar banho e dormir. Pois bem, antes me deparei com um vídeo sem saber o que era. Era uma amiga no facebook dedicando-o a alguém, e aí fui trollada pelo universo: Have you ever seen the rain.... Oi? De novo? Ta de brincadeira comigo? Como pode isso e por quê? John Fogerty, não me leve a mal, I love you, me encantas e canta lindamente pra mim, mas quero que meu ser poetize-se e cazuze-me sobre o que é subjetivo, sobre o que é intenso e indescritível, sentido e vivido. Eu misturo mesmo, fecho e abro, deixo sair e entrar, bato no liquidificador sem dor ou quase sem, misturo e deixo fluir e fluir. O barulho do motor com o seu bater me incomoda, mas sua mistura me encanta... Ahhh flua misturinha, faça-se colorir e pinte-me sem pedir licença!!

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Quantas voltas...

É estranha essa vida né? As voltas que ela dá e os movimentos que ela faz, vão além do que a minha mente humana (assim espero) possa compreender. Um dia você acha que fez a escolha certa, no outro se enche de dúvidas e voltar atrás... já era! Tudo bem, eu não queria voltar atrás mesmo, é verdade, não sei se faria tudo exatamente igual – sim eu mudaria algumas coisas, alguns jeitos de fazer as coisas – mas talvez tentar levar a vida de forma mais leve, mais livre, onde o pensamento não me aprisionasse seria mais inteligente.
Porque sim, em boa parte, é o pensamento que me aprisiona, os questionamentos, as dúvidas, e até as tristezas, às vezes quase ganham mais força do que aquela vontade de ir, mesmo sabendo que no fim vou ser só sorrisos e coração feliz.
Entre lágrimas e perguntas, e cervejas e escritas e claro, mais pensamentos, tenho nos últimos dias procurado respostas, ou pessoas que possam colaborar e que me digam: “não tenha medo, a vida é assim mesmo, já me senti assim e acredite tudo vai acontecer, mudar e pulsar de novo”. Mas tenho ouvido cada vez mais coisas do tipo: você é capaz, fique tranquila, te acalma. Mas é difícil acreditar naquilo que as vezes você deixou em algum lugar que não sabe onde procurar. Onde guardamos essas forças que as vezes esquecemos, ou deixamos de sentir?
Não sei, não sei. E se sei, nesse momento elas estão escondidas, esperando que eu as encontre, como se estivessem brincando de esconde-esconde, me deixando tonta de tanto olhar pros lados e não encontrar.
O Ano bem podia ter começado diferente, mais suave ao menos... mas não, não começou e agora, haja tempo e espaço pra lidar com isso tudo. Vai uma cerveja aí?
Feliz 2014.



Trilha sonora: Natiruts DVD Acústico No Rio de Janeiro

OBS: As vezes esqueço até como é bom escrever aqui, imagina o resto!



sábado, 5 de outubro de 2013

Em tempo...

É difícil a gente se dar conta de quanto tem dos nossos sentimentos – bons e ruins – naquilo que dizemos ou fazemos pros outros. Obviamente há uma troca, um afecto, mas a consciência do que isso gera no outro, não sei se nos damos conta no ato das nossas ações. Às vezes o insight é rápido, às vezes demora. As vezes é leve e as vezes pesado.
Sempre tive sonhos onde era preciso o desdobramento do corpo, para que eu resolvesse no inconsciente algumas situações. Já escrevi cartas nunca enviadas ao destinatário, tive arrependimentos nunca ditos, alegrias não divididas, mas com o tempo, dizer o que sinto tem sido fundamental pra minha saúde mental. Dividir, compartilhar, dizer, dar os abraços que desejo, os beijos, os passos... tudo isso, tem sido feito, no meu tempo, no tempo que meu corpo e minha mente suportam.
Assim, essa ‘carta’, chegou ao destinatário, em tempo hábil de me desculpar pelos últimos dias, pelo email pessoal do chato querido, mas a coloco aqui, utilizando esse espaço pra também dividir e compartilhar, mesmo que comigo mesma, num sábado, as 03:48 am.
  
(...)Espero que esteja tudo bem aí na sua caminhada e que ela esteja suave, mais suave do que da ultima vez que conversamos.
Tenho pensando bastante em muita coisa, mas isso que vou te escrever pensei assim que desliguei o Skype aquele dia que conversamos sobre eu ‘acreditar’ ou ‘não acreditar’ em você, mas demorei pra elaborar ou para querer escrever sobre, e como senti saudade sua agora antes de dormir, resolvi te escrever.
Tem uma coisa que faço sempre, mas que tenho exercitado ou tentado ao menos não fazer, que é falar tudo que penso. Já descobri que isso não é necessário, a menos que a outra pessoa pergunte minha opinião. Claro que não quero reprimir em mim algo, mas é ter consciência que as vezes, magoar alguém não é a melhor saída pra se dizer o que pensa, e aquele ultimo dia que conversamos, eu te magoei e juro, não tive a intenção e peço desculpas por isso.
Nem foi preciso eu desligar o Skype aquele dia pra chegar à conclusão de que o melhor que eu tinha a fazer, era só ‘te ler’ e te acolher, sem julgar ou sair dizendo várias coisas. Acontece que eu sei porque sempre faço isso, e só faço isso com quem eu tenho um grande afeto e que ainda me afeta. E é assim que te vejo.
Equivocadamente ou não, você ainda mexe comigo de um jeito que não sei explicar. Não é amor, ou desejo, ou necessidade, ou talvez seja tudo isso misturado, mas é na verdade por isso, a resposta de às vezes eu sair ‘te patrolando’, passando por cima, dizendo inúmeras coisas. Fiquei magoada algumas vezes contigo e comigo também e talvez ainda não tenha superado isso que aconteceu nesses últimos anos conosco. Fantasiei muita coisa com você que não por culpa sua ou só sua, mas por minha também, coisas que não chegaram a acontecer no campo da realidade e confesso que me deparar com elas sem ter acontecido, não é nada agradável pra mim.
Ter estado com você, daquela forma, foi tão maravilhoso e tão bom, que talvez de lá pra cá, falar com você seja sempre esbarrar em algo vivo, algo que eu não quero aceitar, ou que gostaria que tivesse tido outro tipo de fim ou de continuidade.
Ou seja, sei que às vezes falo algumas coisas pra você quando conversamos, que na verdade são reflexo do meu inconformismo, do meu desejo de que tudo fosse diferente e aí, não quer dizer que necessariamente você seja ou esteja como tudo aquilo que disse naquele dia ou em outros dias, mas quer dizer que pra mim, na minha representação, uma representação contaminada, tu já foi um pouco daquilo que digo, pelo menos aos meus olhos.
Mas é obvio o mundo do jeito que eu vejo e sinto é sempre, um mundo ‘só meu’, porque ninguém o vê e sente como eu e sei, que outras pessoas veem e sentem coisas diferentes por ti, e valorizam essa pessoa massa que você é, mais ou melhor do que eu.
Então, não concorde sempre comigo, não ache que eu esteja sempre certa, nem me deixe ‘acabar com sua auto estima’, porque o que faço ou falo pra ti, é sempre contaminado pela mulher que gosta/gostou/gostará – não sei ao certo definir – de você, e essa mulher, ah, com certeza, faz juízos de valor equivocados quando tem sentimentos intensos.
Beijo e espero que esteja bem.
Se cuide sempre.

Tenho saudades suas.

domingo, 9 de dezembro de 2012

O Esquenta, diversidade e o preconceito nosso de cada dia...


Não vou aqui falar mal de quem não gosta, mas essa semana mesmo postei um vídeo no facebook, do Tom Zé falando que a letra de funk "atoladinha" descreve uma liberdade sexual enorme de uma mulher, mulher essa que muitas vezes não está na universidade (não é regra) e que é feliz e sabe gozar. Hoje (09/12/2012, aniversário da minha irmã Ana) já li pessoas dizendo que não gosta do programa Esquenta, da Regina Casé na Globo entre outras coisas. Eu respeito. Mas fico pensando porque ela ou o programa irritam tanto. É por que no programa tocam músicas que dizem "meu nome é favela"? "É por que tem muito negão?
Bom, tô aqui pensando que poucas coisas me movem sair no sábado de manhã de casa, e já pensando no meu cenário de prática do ano de 2013 da Residencia que faço em Saúde Mental Coletiva na UFRGS, mesmo chegando quase com o sol raiando ontem, dormi pouco e acordei antes das 10:00h da manhã pra ir numa reunião com adolescentes de uma comunidade aqui de Porto Alegre, que fazem parte da Escola Cine Video. Os adolescentes, como boa parte do país, sendo da comunidade eram na sua maioria negros, muito provavelmente assistem a globo, tem acesso a internet e nem por isso são alienados e atualmente entendem de mídia muito mais que muita gente (eu inclusive) e estão se preparando pra a realização de um documentário e discutiam temas como acessibilidade, preconceito, consciência, entre outros – diga-se de passagem, temas falados no programa da Regina Casé.
Ir nessa reunião ontem me fez ter tesão pelo ano que se aproxima, quando eu posso sair dos espaços que tratam do processo de saúde e doença e posso pensar naquilo que gosto: promoção de saúde e juventude.
E aí, vocês (se é que tem alguém lendo isso agora) podem estar pensando o que isso tem a ver com o programa da Regina Casé? Bom, aqui vai a resposta: a gente vive numa sociedade onde os padrões sociais, são aqueles idealizados por uma sociedade elitista, branco e cristão. Ou seja, se você é umbandista, só pode ser negro, pobre e com certeza não tem ensino superior; Se você gosta de novelas, certamente não conhece um livro, nem sabe quem é o Foucault; Se você rebola dançando um funk ou requebra dançando um samba forte, certamente é burra e só quer ‘aparecer’ e mostrar o tamanho da bunda... Isso está num inconsciente coletivo da maioria.
Então, queria dizer aqui, que diversidade é isso muita coisa acontecendo apesar das diferenças, que de acordo com o dicionário, diversidade é “diferença, dessemelhança, variedade: diversidade de objetos; divergência, oposição, contradição: diversidade de opiniões”. Mas que alienação é achar que eu ou qualquer outra pessoa que vê a novela, não podemos ser alguém inteligente e que ao invés de escolher tirar a TV da sua vida, consegue ver programas da TV aberta, e fazer análises críticas sobre eles, ou apenas rir e acha-los engraçados; É achar que pessoas como eu, que gostam e frequentam a Umbanda somos analfabetos e não sabemos o que estamos fazendo, por termos crenças diferentes da maioria ou então por não ser cético apesar de gostar de conhecimentos empíricos que estão na academia; É achar que é impossível gostar ao mesmo tempo da Janis Joplin, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz, podendo ter uma viagem incrível ouvindo as músicas “cry”, 'Summertime' e ter imensa alegria dançando e cantando as músicas “Ogum” e “Meu nome é favela”.
E preconceito é isso que a gente vive, internaliza todos os dias e sai por aí fazendo julgamentos e tendo ações absurdas por não suportar as diferenças, a diversidade, a possibilidade de o Outro, não ser como Eu sou, ou como eu gostaria que fosse, ou aquilo que eu moralmente, acho ‘certo’ ou ‘errado’.
Bom, domingo.
Feliz Aniversário Aninha.
Voltando com força total com os textos.




quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Estela VI



Estela não lembrava que havia nascido suas asas e já havia alçado voos baixos. Após um dia lindo e cinza, Estela vai buscar o conhecimento numa das estruturas de concreto onde supostamente ele está. Estela ficou chocada quando descobriu que  o conhecimento do dia era olhar-se diante dos olhos do outro e o outro não enganava-se: Estela, você quebrou sua asa, disse o conhecedor de conhecimentos!
Estela olhou para a asa e reconheceu a queda que feri-la. Ela ainda podia sentir a dor.
Estela foi ficando triste e recolheu-se. Pensou em coisas que lhe incomodavam, não ficou indiferente, mas preferia sair dali.
Estela então chorou e revirou seu baú e encontrou notícias de quem era, ou de quem gostaria de ser. Nada era muito diferente de seus desejos atuais, o que mudara de fato era ela. Já não haviam pontes ligando histórias de escritoras, não encontrou Teresa, não viu pretinhosidades, não encontrara tudo aquilo que já lhe diferenciou.
Estela voou, repousou, cansou, descansou, pairou, pirou!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Chove chuva...



Essa chuva incessante
Me desperta o desejo
De estar com você a todo instante.
Cada gota, na vidraça,
Cada pingo no chão,
Transborda em mim,
Todo o sentimento de emoção
Que tenho ao te ver.
É desejo que me invade, derrama, inflama
Que em mim não cabe
Que só em teus braços,
Quero que desague.
Ah teus braços,
Desconheço o afago,
Mas imagino com cuidado
Cada detalhe, cada gesto, cada movimento.
Sigo, aguardando o momento exato,
Se é que ele virá
De poder estar contigo
E podermos ser um só.


Foto: 17/09/2012 - Porto Alegre RS - Eu embaixo de um viaduto esperando o sinal abrir pra sair correndo e "tentar" me molhar menos.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Tudo novo, menos Eu...





Passados mais de 360 dias sem escrever aqui, pois eu ainda tinha 28 anos da última vez, e agora recém trintona (ainda não descobri a parte boa de se fazer 30 anos), vim aqui descrever uma cena linda que vi no metrô hoje aqui em Porto Alegre, RS. Sim, tanto tempo se passou que não moro mais em SC, moro no RS. Numa cidade diferente, nova, sigo me perdendo no lugar novo, com uma vida nova e alguns sonhos e desejos ainda antigos. Afinal, ninguém me disse que os sonhos deveriam ser mudados também!
Como de costume perdi “a hora”. Me arrumei o mais rápido que pude e peguei um taxi até a estação mais próxima: estação rodoviária. O taxista me deixou do outro lado pela primeira vez, e lá vai eu, mal tinha acordado e tendo que adivinhar pra que lado atravessar (não é difícil, mas antes das 10:00h da manhã, tudo torna-se difícil pra mim).
Entrei na estação, sentei num banco, puxei os meus fones de ouvido (sim, eu respeito os ouvidos dos outros) e escolhi a música matinal. Eram pagodinhos gostosos, bom pra sair dançando e de preferência a dois – ignoro aqui qualquer crítica ao meu gosto musical, ta aí uma das vantagens dos 30, você se sente ileso a qualquer comentário sobre seu gosto musical.
E veio o trem, eu quando me sento logo na frente observo um homem e uma mulher nos bancos preferenciais. Ele com um guarda-chuva, e ela demorei a perceber que estava com uma bengala. Preconceituosamente primeiramente pensei que eles não teriam idade pra sentar ali, achei ela jovem e ele também. Achei que não estivessem juntos. Tudo isso me passou pela cabeça em fração de segundos, porque meu pensamento ali andava mais rápido que o trem.
Ela usava uma boina preta, ele uma espécie de capa de chuva, os dois eram extremamente elegantes. Não tinham a “cara” comum das pessoas que encontro todos os dias no metrô. De repente ele sem olhar pra ela, aproxima-se dela e murmura algo baixinho, parecia perguntar se ela estava com sono. Ela sem olhar pra ele, sorri, faz um sinal que sim com a cabeça e parece dormir. Até aí, tudo bem, eu só observando. De repente ela trança o braço no braço dele, aproxima o corpo e deita a cabeça no seu braço. Ele mal se mexe, se encosta-se a ela e deixa ela descansar.
Ele tinha um rosto de ternura e de cuidado com a mulher. Ela tinha um rosto de fragilizada, porém de forte. Antes de ela levantar pra descerem na estação a qual eu não lembro qual era, eles sorriram um pro outro. Ele levantou primeiro, deu guarida pra ela levantar. Ela pegou sua bengala e saiu com o braço entrelaçado no dele.
Não os conheço, talvez nunca mais os veja, não conheço suas histórias, mas foi a cena mais linda e terna que vi nos últimos dias.
E eu que li a Regina Navarro hoje mesmo dizendo que acredita que no futuro menos pessoas vão desejar se fechar numa relação a dois e mais gente vai optar por relações múltiplas, e concordo com isso – fiquei emocionada com uma relação que sem saber a história, parecia aqueles finais de filmes, não com um final feliz (ela parecia ter câncer e escondia um pouquinho de cabelo dentro da boina as vezes) mas com uma vida toda juntos, com amor, na alegria e na tristeza mesmo...
Será isso possível, neste planeta habitado por seres humanos????



Bju pra quem ler, em especial pra quem sentia falta dos textos: Giana e Gisele...

Depois que escrevi até a Raiva passou (quem sabe ela mereça um post só pra ela).

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Estela V: Leve com você...

Ao se ganhar as tão sonhadas asas, não basta rebê-las. É preciso aprender a voar, tarefa essa nada fácil para quem antes só usava pés para se locomover. Quando se lança num vôo, ainda sem saber voar, corre-se o risco de cair. E ao cair...ahhhh o cair...dói, machuca, as vezes faz marcas quase irreparáveis ou de fato irreparáveis. E mesmo depois de bater as asas sem medo e se lançar num vôo rasante, não se deixa de cair mesmo que seja por distração quando se olha pro lado. E não adianta: quando achamos que está tudo tranqüilo, lá vai mais um tombo. Cansada de cair, mas com certeza sem deixar de bater as asas, acordei e por acaso (talvez não tão por acaso assim) me deu uma vontade louca de ouvir uma música. Vou ao encontro dela, e tenho vontade bater as asas mais forte, apesar do cansaço já mencionado outrora por Álvaro de Campos...



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Agora com selo de Qualidade...



Mês passado, ganhei um selo de qualidade pro meu blog do 'Querido Jeef' do Blog http://aoseunivel.blogspot.com/
Para receber este selo, é necessário que se cumpram algumas diretrizes (regras). São elas: passar o selo para alguns blogs e avisá-los, depois, responder as perguntas abaixo:

Nome: Flavia Roberta
Uma música:Puta merda, gosto de tantas, mas na minha cabeça veio duas que ouvi hoje e gosto bastante: Trust in me da Janis e Ainda Lembro da Marisa
Humor: Sarcástico
Uma cor: Lilás
Uma estação: de metrô??? huahua... Inverno
Como prefere viajar: Sentado de preferência, cansa menos!
Um seriado: Friends
Frase ou palavras mais ditas por você: "Eu só me fodo"
O que achou do selo: Legal, uma forma de conhecer outros blogs

Blogs para quais irei repassar o selo:

É isso
=**

sábado, 22 de janeiro de 2011

Regina Casé e o Esquenta...

Quem me conhece sabe mesmo que eu gosto SIM de ver uma televisão (quem não sabia, agora vai saber), uma novelinha, aquele vuco vuco de personagens, uma trama, uma minissérie, um ‘programinha’ aqui outro ali. Não, não tenho vergonha de assumir! Também não vou aqui dizer que é certo ou errado quem não faz isso, afinal cada um faz o que quer da sua vida, não é mesmo? Não cabe a mim fazer nenhum juízo de valor.
Acredito que poder escolher é uma vantagem diante de todas as diversidades que existem na nossa sociedade. É claro, acredito ter um mínimo possível de discernimento dentro daquilo que pra mim é bom ou ruim e aí, vou escolhendo, experimentando e ‘tali coisa e coisa e tali’. Porém, nos últimos domingos tenho visto um programa numa TV aberta, comandado pela Regina Casé o qual atende pelo nome de “ESQUENTA”, que tem me deixado pensando em algumas coisas. O programa é um misto de coisas, mas pra quem ainda não viu, vou tentar fazer uma breve descrição.
O programa conta com algumas pessoas ‘fixas’ que colaboram na condução do programa além da Regina (óbviu), com um figurino sempre muito característico. Num palco ficam Arlindo Cruz (sambista e compositor) e Leandro Sapucahy (músico, produtor, cantor). Perambulando pelo cenário o ator Douglas Silva – O Acerola – faz intervenções super engraçadas se misturando sempre aos convidados. Em determinados momentos um grupo da favela Cantagalo sai dançando parecendo ter uma mola no corpo (coisa louca). Sorriso, aquele gari famoso da Sapucaí, juntamente com outros que pelo visto, são também garis, ficam num espaço dançando sempre. Uma espécie de “Ala Infantil’ fica lá sempre dançando (e pelo amor de deus, que molas). E aí, a Regina recebe convidados – estes levam pessoas de sua família que vai se misturando no programa – que são atores, músicos, cantores, profissionais de alguma área, e aí falam de preconceito sobre cor, gênero, entre outras coisas. ENFIM, UMA MISTURA INCRÍVEL.
Mas o que me deixa mexida no programa é a FORMA...exatamente isso, a forma como a Regina fala de cada convidado. Não é apenas ler a ficha com dados saídos de alguém que escreveu um texto que deve ser lido em um programa qualquer, é tudo tão carregado de sentimento, eo pessoal vai contando coisas pessoais da apresentadora, coisas vividas junto com ela e todo mundo parece ser de fato AMIGOS de verdade de Regina. E aquelas histórias vêm da vida real de alguém e vai se misturando com o programa e vai ficando engraçado e divertido de ver, alguém compartilhando seus afetos na TV (eu até posso estar enganada, mas pra mim é tudo muito real).
É claro, tem gente que não curte ‘um pagode’ e pode achar uma grande besteira tudo que eu estou comentando neste texto, pode odiar funk, pode não gostar de nada disso que aperece lá (no programa), dessa mistura e achar tudo feio e ridículo, nem mesmo pode gostar de afeto, mas não tem como negar que é um programa onde a diversidade cultural está presente de todas as formas. O Brasil é isso também, e embora muita gente ache que tudo aqui acabe em pizza e em bunda (e às vezes acaba mesmo) eu gosto é do DIVERSO. Eu andava numa pindaíba de ‘emoção’, até estava me sentindo ‘ressecada pelo tempo e por alguns fatos’ e percebi que ‘ainda tem jeito’ vendo aquilo que pra mim é real, em algumas falas e abraços. Não dá pra negar, diversidade é TUDO seja onde for, em qual região for e de que forma for! Outra coisa que não dá pra negar: cada um tem seu ‘insight’ seja também onde for e vendo o programa que for!
“Reginaaaaaa, vou te falar: me leva pro ESQUENTAAAAAAA!!!!!!!!!!”


=***