domingo, 9 de dezembro de 2012

O Esquenta, diversidade e o preconceito nosso de cada dia...


Não vou aqui falar mal de quem não gosta, mas essa semana mesmo postei um vídeo no facebook, do Tom Zé falando que a letra de funk "atoladinha" descreve uma liberdade sexual enorme de uma mulher, mulher essa que muitas vezes não está na universidade (não é regra) e que é feliz e sabe gozar. Hoje (09/12/2012, aniversário da minha irmã Ana) já li pessoas dizendo que não gosta do programa Esquenta, da Regina Casé na Globo entre outras coisas. Eu respeito. Mas fico pensando porque ela ou o programa irritam tanto. É por que no programa tocam músicas que dizem "meu nome é favela"? "É por que tem muito negão?
Bom, tô aqui pensando que poucas coisas me movem sair no sábado de manhã de casa, e já pensando no meu cenário de prática do ano de 2013 da Residencia que faço em Saúde Mental Coletiva na UFRGS, mesmo chegando quase com o sol raiando ontem, dormi pouco e acordei antes das 10:00h da manhã pra ir numa reunião com adolescentes de uma comunidade aqui de Porto Alegre, que fazem parte da Escola Cine Video. Os adolescentes, como boa parte do país, sendo da comunidade eram na sua maioria negros, muito provavelmente assistem a globo, tem acesso a internet e nem por isso são alienados e atualmente entendem de mídia muito mais que muita gente (eu inclusive) e estão se preparando pra a realização de um documentário e discutiam temas como acessibilidade, preconceito, consciência, entre outros – diga-se de passagem, temas falados no programa da Regina Casé.
Ir nessa reunião ontem me fez ter tesão pelo ano que se aproxima, quando eu posso sair dos espaços que tratam do processo de saúde e doença e posso pensar naquilo que gosto: promoção de saúde e juventude.
E aí, vocês (se é que tem alguém lendo isso agora) podem estar pensando o que isso tem a ver com o programa da Regina Casé? Bom, aqui vai a resposta: a gente vive numa sociedade onde os padrões sociais, são aqueles idealizados por uma sociedade elitista, branco e cristão. Ou seja, se você é umbandista, só pode ser negro, pobre e com certeza não tem ensino superior; Se você gosta de novelas, certamente não conhece um livro, nem sabe quem é o Foucault; Se você rebola dançando um funk ou requebra dançando um samba forte, certamente é burra e só quer ‘aparecer’ e mostrar o tamanho da bunda... Isso está num inconsciente coletivo da maioria.
Então, queria dizer aqui, que diversidade é isso muita coisa acontecendo apesar das diferenças, que de acordo com o dicionário, diversidade é “diferença, dessemelhança, variedade: diversidade de objetos; divergência, oposição, contradição: diversidade de opiniões”. Mas que alienação é achar que eu ou qualquer outra pessoa que vê a novela, não podemos ser alguém inteligente e que ao invés de escolher tirar a TV da sua vida, consegue ver programas da TV aberta, e fazer análises críticas sobre eles, ou apenas rir e acha-los engraçados; É achar que pessoas como eu, que gostam e frequentam a Umbanda somos analfabetos e não sabemos o que estamos fazendo, por termos crenças diferentes da maioria ou então por não ser cético apesar de gostar de conhecimentos empíricos que estão na academia; É achar que é impossível gostar ao mesmo tempo da Janis Joplin, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz, podendo ter uma viagem incrível ouvindo as músicas “cry”, 'Summertime' e ter imensa alegria dançando e cantando as músicas “Ogum” e “Meu nome é favela”.
E preconceito é isso que a gente vive, internaliza todos os dias e sai por aí fazendo julgamentos e tendo ações absurdas por não suportar as diferenças, a diversidade, a possibilidade de o Outro, não ser como Eu sou, ou como eu gostaria que fosse, ou aquilo que eu moralmente, acho ‘certo’ ou ‘errado’.
Bom, domingo.
Feliz Aniversário Aninha.
Voltando com força total com os textos.




5 comentários:

Anônimo disse...

Marraaa o textoo....eu adoroo o esquenta, e não me importo qdo falam mal....
Adorooo msm.....=)

Anônimo disse...

simples e direta...o nome disso é sinceridade...

Flavinha Roberta disse...

Eita, olha as bonecrinhas aqui. Ana e Geo. VAleu pela leitura meninas

Giana!! disse...

Oi Flá.
Eu acho um programa bem interessante.
Tem uma mistura como em poucos lugares desse país.
Acho que quem faz cultura e que realmente faz girar esse país é o povo do todo dia e não só os das capas de revistas.
Eu conheço a maioria das religiões e acho incríveis as visões que elas têm da vida e de de Deus.
Mas sabe, eu não consigo gostar dessas musicas de ultimamente em que a bunda e todas as outras partes do corpo ficam mais expostas do que se andássemos nús de uma vez.
Pode ser preconceito meu mesmo, mas eu acho que sexualidade é uma coisa e sexualizar tudo é outra.
Gozar é bom, é uma delícia. Mas será que precisa ser sempre, em todos os horários?
E as músicas.
Começou com o funk. Eu gostava do funk antigo. Aí passei a ouvir só os antigos mesmo. Hoje tá essa coisa de func-pagode-nejo preliminar de motel.
Acho que precisamos sim viver aquilo que é o natural das pessoas. Mas acho que temos que vivê-las examente como são: naturais. Sem ter que ficar direcionando tudo pra elas.

Quanto aos negões eu nem preciso comentar: você sabe que as peles de ébano são meus desejos de consumo.

LOUCA PELA VIDA disse...

Na verdade... pouco assisto TV aberta, mas domingo na casa da minha mãe todo mundo vê. Percebo a proposta do programa, da Regina: domigo ela entrevistava a branquíssima Angélica e eu observava o contraste com os negros presentes. Casé se esforça, mas o "classismo" é como um muro intransponível. O negro bem sucedido que vai ao programa, tá tranquilo, acho que se há um mal está, é mais questão de clase que de raça. No Brasil, querida, Barack Obama, não seria casado com uma negra advogada de sucesso, mas com uma branca, loira, no filha de familia tradcional ou ex modelo cursando Direito. Troféu que esse negro venceu nesta sociedade extremamente racista. Quanto a música, não dar pra ouvir, miga!!!